19 dezembro 2016

Pertenço à solidão

13 de dezembro de 1958. Santa Luzia

“(...) A opressiva mistura de objetos, bens, atividades destituídos de significação – a caótica e indiscriminada sucessão de ‘coisas’ boas, más e insignificantes que desabam sobre você a todo instante livros, revistas, comida, bebida, mulheres, cigarros, roupas, brinquedos, carros, drogas. Somem-se a isso a ‘decoração’ da cidade para o Natal, anônima e descaracterizada, e as pessoas a correr de um lado para outro comprando coisas, por uma única e exclusiva razão, que é a de estarmos agora numa época em que todo mundo compra coisas.

Andando por Bardstown, fora da Kroger’s, no frio, saudado por homem, mulher e criança. Pensei que nunca, nunca eu poderia encontrar sentido na vida fora do mosteiro. Sou um solitário e isso é tudo. Gosto bastante de pessoas, mas pertenço à solidão.

Foi bom voltar e cheirar o ar doce das matas e ouvir o silêncio”.
Merton na intimidade
(Fissus, 2001) pág. 152-153

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