27 abril 2015

O prazer de um ato bom


"Não há esperança para alguém que luta por obter uma virtude abstrata – uma qualidade de que não possui nenhuma experiência. Nunca poderá, eficazmente, preferir a virtude ao vício oposto, seja qual for o grau com que, aparentemente, despreza esse vício.

Todos possuem um desejo espontâneo de fazer coisas boas e de evitar as más. No entanto, esse desejo é estéril enquanto não temos a experiências do que significa ser bom.

O prazer de um ato bom é algo a ser relembrado, não para alimentar nossa vaidade, mas para nos recordar que as ações virtuosas são não somente possíveis e valiosas, mas pode tornar-se mais fáceis, mais cheias de encanto e mais frutuosas do que os atos viciosos que a elas se opõem, frustrando-as.

Uma falsa humildade não nos deve roubar o prazer da conquista, que nos é devido, e mesmo necessário à nossa vida espiritual, sobretudo no início.
É verdade que, mais tarde, podemos conservar ainda defeitos que não conseguimos dominar – de maneira a termos a humildade de lutar contra um adversário aparentemente invencível, sem sentirmos prazer algum pela vitória.

Pois pode nos ser pedido renunciar até mesmo ao prazer que sentimos ao fazer coisas boas, de maneira a termos a certeza de que as realizamos por algo mais do que esse mesmo prazer. Mas antes de podermos renunciar a esse prazer, temos de aceitá-lo. No início, o prazer vindo da conquista de si mesmo é necessário. Não tenhamos medo de desejá-lo."

Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 26 a 28

20 abril 2015

Autoconquista

"A verdadeira autoconquista é a conquista de nós mesmos, não por nós, mas pelo Espírito Santo. A conquista de si próprio é, na realidade, a entrega de si próprio.

Todavia, antes de podermos entregar-nos, é necessário tornarmo-nos nós mesmos. Pois ninguém pode entregar o que não possui.

Digamos com maior precisão – temos de ter bastante domínio sobre nós mesmos para renunciar à nossa vida nas mão de Cristo – de maneira que ele possa conquistar aquilo que, por nossos próprios esforços, não podemos alcançar.

Para conseguir o domínio de nós mesmos, temos que estar de posse de um certo grau de confiança, de esperança na vitória. E, para manter essa esperança viva, devemos, geralmente, ter saboreado a vitória. Temos de saber o que é a vitória e preferi-la à derrota."

Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 26

13 abril 2015

Vida espiritual não é vida mental

"Uma vida puramente mental pode ser causa de ruína, se nos leva a substituir a vida pelo pensamento e as ações pelas ideias"

Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 24

06 abril 2015

Temperamento


"O temperamento não predestina um homem à santidade e outro à reprovação. Todos os temperamentos podem servir de material para a ruína ou a salvação. Temos de aprender a ver como nosso temperamento é um dom de Deus, um talento que devemos fazer valer até que Ele venha. Não importa até que ponto somos dotados de um temperamento difícil ou ingrato. Se fizermos bom uso do que temos, se disso nos utilizarmos para servir nossos bons desejos, podemos conseguir mais do que alguém que apenas serve seu temperamento em lugar de obriga-lo a servi-lo." 

Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 20