26 fevereiro 2013

O primeiro encontro

“E pela primeira vez na vida comecei a descobrir alguma coisa daquela Pessoa que muitos chamavam de Cristo. Foi um conhecimento obscuro, mas verdadeiro e, em certo sentido, mais verdadeiro do que supus e mais verdadeiro do que eu admitiria. Foi em Roma que se formou minha concepção de Cristo. Foi lá que vi pela primeira vez Aquele a quem sirvo agora como meu Deus e Rei, Aquele que possui e governa minha vida.”

The Seven Storey Mountain, de Thomas Merton
(Harcourt, Brace, New York), 1948
No Brasil: A montanha dos sete patamares, (Editora Vozes, Petrópolis), 2005, p. 102
 

19 fevereiro 2013

Uma confissão

"Eu imaginava que era livre. Levou cinco ou seis anos para descobrir em que terrível cativeiro em havia entrado. Foi também neste ano que a dura crosta de minha alma ressequida espremeu para fora os últimos resquícios de religião que ainda estavam dentro de mim. Não havia espaço para nenhum Deus naquele templo vazio, cheio de poeira e entulho que eu agora fechava ciosamente contra qualquer intruso, para dedicá-lo ao culto de minha própria e estúpida vontade.

E assim me tornei um homem completo do século XX. Fazia parte agora do mundo em que vivia. Tornei-me um cidadão autêntico do meu repugnante século: o século do gás venenoso e das bombas atômicas. Um homem vivendo no limiar do apocalipse, um homem com veias repletas de veneno, vivendo na morte."

The Seven Storey Mountain, de Thomas Merton
(Harcourt, Brace, New York), 1948
No Brasil: A montanha dos sete patamares, (Editora Vozes, Petrópolis), 2005, p. 81


15 fevereiro 2013

A Montanha dos Sete Patamares

... é a autobiografia dum jovem que levou uma vida múltipla e depois, na idade de vinte e seis anos, entrou para um mosteiro trapista. Thomas Merton, já conhecido como poeta, conta a história de sua vida, desde seu nascimento em 1915 até a sua atual existência como monge. Seu livro foi escrito no mosteiro de Gethsemani, Kentucky. A Montanha dos Sete Patamares é o extraordinário testamento e testemunho dum norte-americano intensamente ativo e brilhante que resolveu se retirar do mundo depois de nele se haver atolado deveras. Merton serve-se da imagem de Dante sobre O Purgatório como símbolo do mundo moderno. (orelha do livro)

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O Blog possui 25 Reflexões extraídas desta obra:




300 anos da Padroeira do Brasil - Nossa Senhora por Thomas Merton
A lâmpada que deve brilhar
A messe é grande...
A misericórdia de Deus
Amor negligenciado
Civilização de hienas
Consciência nova em folha
Dai-lhes vós mesmos de comer!
Eis que deixei tudo e te segui
Estamos sempre viajando
Ide pelo mundo...
Livre por natureza
Minha derrota, minha salvação
O começo do amor é a verdade 
O primeiro encontro
O que é a "graça"?
O que pedimos  
O sentido da Vida Contemplativa
Servidor
Sobre a Providência 
Sobre o sofrimento
Uma confissão
Uma espécie de rei
Vida sobrenatural
Vosso amor me acompanhou nesta viagem 
 

12 fevereiro 2013

Sobre o sofrimento

“Na verdade, o que muitos não entendem até ser tarde demais é que quanto mais você tenta evitar o sofrimento, mais você sofre, porque coisas pequenas e insignificantes começam a torturá-lo na proporção de seu medo de ser ferido. Aquele que mais se esforça para evitar o sofrimento é, afinal, o que mais sofre, e seu sofrimento vem de coisas tão pequenas e triviais que se pode dizer que já não é de forma nenhuma objetivo. É sua própria existência, seu próprio ser o sujeito e a fonte de sua dor, e sua existência e sua consciência serão sua maior tortura.”

The Seven Storey Mountain, de Thomas Merton
(Harcourt, Brace, New York), 1948
No Brasil: A montanha dos sete patamares, (Editora Vozes, Petrópolis), 2005, p. 79

05 fevereiro 2013

Civilização de hienas

"Lá embaixo, perto do rio, numa grande construção limpa e branca, havia um colégio dirigido por irmãos maristas. Nunca entrei nele, mas era tão limpo que me assustava. Eu conhecia dois rapazes que frequentava aquele colégio. Eram filhos de uma pequena senhora, dona da confeitaria defronte da Igreja de St. Antonin. Lembro-me deles como sendo muitos simpáticos, agradáveis e bons. Nunca ocorreu a ninguém menosprezá-los por serem muito religiosos. Que diferença em relação aos produtos saídos do liceu!

Quando penso em tudo isso, impressiona-me o tremendo peso da responsabilidade moral que os pais católicos têm sobre os ombros por não enviarem seus filhos a escolas católicas. Os que não pertencem à Igreja não entendem isso. E nem poderiam. Na opinião deles toda essa insistência nas escolas católicas é apenas uma estratégia de ganhar dinheiro e pela qual a Igreja tenta aumentar seu domínio sobre as consciências dos fiéis e sua própria prosperidade material. E, naturalmente, a maioria dos católicos pensam que a Igreja é muito rica e que todas as instituições católicas faturam alto, que todo o dinheiro é guardado em algum lugar para comprar pratos e talheres de ouro e prata para o Papa e charutos caros para o colégio dos cardeais.

Não admira que não haja paz num mundo em que se faz todo o possível para garantir que a juventude de todos os países cresça sem qualquer moral e disciplina religiosa, sem a sombra duma vida interior, ou daquela espiritualidade, caridade e fé que - e tão somente elas - podem salvaguardar os tratados e acordos feitos pelo governo.

E católicos, milhares de católicos de todas as partes do mundo têm a consumada audácia de chorar e lamentar o fato de Deus não ouvir suas preces pela paz. Eles desprezaram não só sua vontade, mas também os ditames comuns da razão e da prudência naturais, deixando seus filhos crescer conforme os padrões de uma civilização de hienas."


The Seven Storey Mountain, de Thomas Merton
(Harcourt, Brace, New York), 1948
No Brasil: A montanha dos sete patamares, (Editora Vozes, Petrópolis), 2005, p. 51