29 junho 2009

Só poderemos ser santos se formos humanos

“Vir para o mosteiro foi, para mim, exatamente o tipo certo de retirada. Deu-me uma perspectiva. Ensinou-me a viver. E agora devo a todas as outras pessoas do mundo uma parte dessa vida. Meu primeiro dever é começar, pela primeira vez, a viver como membro da espécie humana, que não é mais (nem menos) ridícula do que eu mesmo. E meu primeiro ato humano é reconhecer o quanto devo a todas as outras pessoas.”

Entering the Silence, Journals volume 2, de Thomas Merton
Editado por Jonathan Montaldo
(HarperSanFrancisco, San Francisco), 1997, p. 451.
Reflexão da semana de 29-06-2009

Um pensamento para reflexão: “Mas o mundo foi feito por Deus e é bom, e, se o mundo não for nossa mãe, não poderemos ser santos, porque só poderemos ser santos se formos, antes de tudo, humanos.”
Entering the Silence, Thomas Merton

22 junho 2009

O Deus feito de palavras e sentimentos

“Temos uma máscara externa, superficial, que juntamos às palavras e às ações que não representam plenamente tudo o que há em nós; assim também, até as pessoas de fé tratam com um Deus feito de palavras, sentimentos e slogans reconfortantes, menos o Deus da fé do que o produto de rotinas sociais e religiosas. Esse ‘Deus’ pode tornar-se um substituto da verdade do Deus invisível da fé, e, embora essa imagem reconfortante possa parecer-nos real, ela é realmente uma espécie de ídolo. Sua função principal é proteger-nos contra um encontro profundo com nosso verdadeiro eu interior e com o verdadeiro Deus.”

Love and Living, de Thomas Merton
Editado por Naomi Burton Stone e Patrick Hart, OCSO
(Farrar, Straus and Giroux, New York) 1979, p. 42
No Brasil: Amor e Vida, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2.004. p. 44
Reflexão da semana de 22-06-2009

Um pensamento para reflexão
: “(…) A intuição contemplativa da realidade é uma percepção de valor: não uma percepção intelectual ou especulativa, mas prática e vivencial. Não se trata apenas de observar, mas de dar-se conta. Não é algo abstrato e geral, mas concreto e particular. É uma compreensão pessoal do sentido e do valor existenciais da realidade.”
A Experiência Interior, Thomas Merton

15 junho 2009

Penetrar no mistério da verdade

“A contemplação ativa se nutre da meditação, da leitura e, como veremos, da vida sacramental e litúrgica da Igreja. Mas, antes de se transformarem em contemplação, a leitura, a meditação e a adoração precisam fundir-se em uma visão intuitiva e unificada da realidade.

Na leitura, por exemplo, passamos de um pensamento a outro, seguimos o desenvolvimento das idéias do autor e, se lermos bem, contribuímos com algumas idéias próprias. Essa atividade é discursiva. A leitura se torna contemplativa quando, em vez de raciocinar, abandonamos a seqüência dos pensamentos do autor, não só para seguir nossos próprios pensamentos (meditação), mas simplesmente para erguer-nos acima do pensamento e penetrar no mistério da verdade, que é vivido intuitivamente como presente e real.

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003, p. 59.
No Brasil: A Experiência Interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 84-85.
Reflexão da semana de 15-06-2009

Um pensamento para reflexão
: “A intuição contemplativa da realidade é uma percepção de valor: não uma percepção intelectual ou especulativa, mas prática e vivencial. Não é só uma questão de observar, mas de dar-se conta. Não é algo abstrato e geral, mas particular e concreto. É uma captação pessoal do sentido e valor existencial da realidade.”
A Experiência Interior, Thomas Merton

08 junho 2009

Aprenda a meditar, contemplar, orar…

“Aprenda a meditar sobre o papel. Desenhar e escrever são formas de meditação. Aprenda a contemplar as obras de arte. Aprenda a orar nas ruas ou nos campos. Saiba meditar não só quando você tem um livro em mãos, mas também enquanto espera um ônibus ou viaja de trem. Penetre, sobretudo, na liturgia da Igreja e faça do ciclo litúrgico uma parte de sua vida — deixe que seu ritmo invada o seu corpo e a sua alma.”

New Seeds of Contemplation, de Thomas Merton
(New Directions, New York), 1961. p. 216
No Brasil: Novas Sementes de Contemplação, (Editora Fissus, Rio de Janeiro), 2001. p. 212
Reflexão da semana de 08-06-2009

Um pensamento para reflexão
: “Quem só sabe pensar em Deus em períodos fixos do dia jamais irá muito longe na vida espiritual.”
Novas Sementes de Contemplação, Thomas Merton

01 junho 2009

Quem é o inimigo e quem somos nós?

“As pessoas não são conhecidas apenas pelo seu lado intelectual ou seus princípios, mas principalmente pelo amor. Quando amamos o próximo, o inimigo, aí então obtemos de Deus a chave para uma compreensão de quem seja nosso inimigo e de quem somos nós. É unicamente isto que poderá revelar-nos a natureza real dos nossos deveres e das nossas retas ações.

Quando ignoramos a pessoa e recusamos considerá-la como tal, como um outro eu, estamos lançando mão do ‘direito’ e da ‘natureza’, em sentido impessoal. Em outras palavras, estamos bloqueando a realidade do outro, estamos cortando a intercomunicação da nossa natureza com a dele, e consideramos apenas a nossa natureza, individual, com seus direitos, suas prerrogativas, suas exigências. De fato, contudo, estamos considerando a nossa natureza no concreto e a dele no abstrato. E assim justificamos o mal que fazemos a nosso próximo, pois ele não é considerado mais como um irmão, mas apenas como um adversário, um réu, um ente maligno.

Para restaurar a comunicação, para ver a nossa unidade de natureza com a dele, respeitar os seus direitos pessoais, a sua integridade e o direito de ser amado, temos também de nos encarar como réu, como ele, de sermos condenados à morte com ele, mergulhando no mesmo abismo que ele, necessitando, também como ele, do dom inefável da graça e da misericórdia, de maneira a sermos salvos.”

Seeds of Destruction, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux, New York), 1964. p. 254-255
No Brasil: Sementes de Destruição, (Editora Vozes, Petrópolis), 1966. p. 252-253
Reflexão da semana de 01-06-2009

Um pensamento para reflexão
: “O ponto principal na ética cristã é olhar a pessoa e não a natureza. (…) Porque, quando nós consideramos o que seja ‘a natureza’ temos em mente o geral, o teórico, e deixamos de lado o concreto, o individual, a realidade pessoal daquele que se nos defronta. Daí então vermos essa outra pessoa não como o nosso outro eu, não como um Cristo, mas sim como o nosso demônio, o nosso animal maligno, o nosso pesadelo.”
Sementes de Destruição, Thomas Merton