18 julho 2005

Ansiedade

“ Em nossa época, tudo tem de ser “problema”. Nosso tempo é de ansiedade, porque assim o quisemos. Nossa ansiedade não nos é imposta, à força, do exterior. Nós a impomos ao mundo em que vivemos e a impomos uns aos outros.

A santidade, numa tal época, significa, sem dúvida, transportar-se da região da ansiedade à região em que não existe ansiedade. Ou talvez signifique aprender de Deus a não ter ansiedade em meio à ansiedade.

No fundo, como realça Max Picard, provavelmente resume-se nisso: viver num silêncio que reconcilie as contradições dentro de nós a tal ponto que, embora em nós permaneçam, deixam de constituir um problema (World of Silence, p. 66-67).

Sempre existiram contradições na alma do homem. Entretanto, estas só se tornam um constante e insolúvel problema quando preferimos, ao silêncio, a análise. Não nos cabe resolver todas as contradições, e sim viver com elas e nos elevarmos acima delas, e considerá-las à luz de valores externos e objetivos que, por comparação, as tornam triviais.
Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958. p. 84-85
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 67
Reflexão da semana de 18-07-2005

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