17 janeiro 2005

Para entender a alienação

“ Para entender a alienação, temos que descobrir aonde vai sua mais profunda raiz central — e entender que esta raiz nunca desaparecerá. A alienação é inseparável da cultura, da civilização e da vida em sociedade. Não é só uma característica de ‘culturas ruins’, de civilizações ‘corruptas’ ou da sociedade urbana. Não é só um duvidoso privilégio de algumas pessoas na sociedade. A alienação começa quando a cultura me divide contra mim mesmo, me põe uma máscara, me atribui um papel que posso querer desempenhar ou não. A alienação é completa quando me identifico completamente com minha máscara, totalmente satisfeito com meu papel e convencido de que qualquer outra identidade ou papel é inconcebível. O homem que transpira sob sua máscara, cujo papel lhe dá irritações desconfortáveis e que odeia essa sua divisão, já começou a ser livre. Mas que Deus o ajude se ele apenas deseja a máscara de outro homem, só porque este não parece estar suando ou sentindo coceiras. Talvez não ele seja mais suficientemente humano para sentir coceiras. (Ou então paga um psiquiatra que o coça.)

The Literary Essays of Thomas Merton
Editado por Patrick Hart, OCSO
(New Directions, New York), 1981. p. 381
Reflexão da semana de 17-01-2005

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